jeudi 12 avril 2007

do Faubourg du Temple ao "quartier du Temple"




Saio de casa a pé em direção à praça da République. Desço a rua du Faubourg du Temple e cruzo o canal de St. Martin exatamente no ponto que divide a sua parte coberta de sua parte ainda a céu aberto.
O canal servia de escoadouro aos produtos manufaturados nas suas margens em direção ao Sena (“La Seine”, para os franceses, o Sena é feminino) e Haussmann, no século XIX, começou a
cobrir a parte que vai da Bastille até a rua Faubourg du Temple.

Chego à praça da République e atravesso uma das passagens
de Paris – são inúmeras na cidade.
Trata-se de galerias onde há inúmeros serviços, restaurantes,
lojas. A da République se chama “Passage de Vendôme”.


A passagem de Vendôme provoca uma mudança abrupta: do barulho da praça, mergulho no silêncio da rua onde fica a redação do Libération, o jornal de esquerda fundado nos anos 1970 por Sartre e outras figuras da esquerda francesa da época.
Estou dentro do antigo “quartier du Temple”.
O “quartier du Temple” uma vez foi a cidadela dos Templários,
a ordem militar e religiosa que esteve envolvida nas guerras
das cruzadas na Palestina.



A cidadela dos templários era um semi-estado dentro de Paris,
com a sua própria polícia, justiça e governo.
Dizia-se na sua época que era o lugar mais seguro e protegido na
cidade. O bairro de hoje ostenta vários nomes de logradouros que
fazem referência aos Templários: a rua du Faubourg du Temple,
a rua du Temple, a rua Vieille du Temple, a praça do Temple, o
mercado du Temple e, claro, a estação de metrô do Temple.
Não resta mais nada da época dos templários além dos nomes dos
logradouros.
No entanto, no “donjon” da cidadela , que era uma espécie de
castelo incrustado na muralha para a defesa, a família real do
rei Louis XVI ficou presa à época da revolução francesa.
O rei lá ficou até a sua execução, Maria Antonieta ainda ficou
uns meses no lugar e o filho, que seria Louis XVII, o chamado
“dolphin”, que tinha 10 anos na época, provavelmente morreu
de tuberculose.
Há às vezes uma cartaz e flores que alguém põe no lugar dizendo
“que neste lugar uma criança foi encarcerada e morta de maneira
cruel”.




A primeira dessas placas é o padrão daquelas que a prefeitura de
Paris coloca junto a monumentos históricos.
Ambas as placas estão localizadas no lugar onde era o "donjon", ou a
torre, do Templo.
Hoje é a prefeitura do "arrondissement" 3 (um arrondissement é uma divisão em comunas da cidade, e em Paris elas são em número de 20).

1 commentaire:

CAMARA a dit…

Maravilha Jorge,

Histórias muitas vezes esquecidas, até mesmo pela superposição de poderes, vêm à tona por você, Flaneur, simplesmente. O “donjon”, tão antigo quanto o do Louvre, apenas foi destruído para não se tornar um lugar de culto, para os saudosos do Antigo Regime. Coisas da Revolução. Espero ouvir histórias sobre La Concorde, ou principalmente sobre visitas aos museus. Mais uma vez parabéns.

 
Google