samedi 14 avril 2007

Usos do verbo "flanar" II

Flanar para alguns parecerá pura perda de tempo.
Ziguezaguear pela cidade sem objetivos definidos
será para estes sobretudo anti-produtivo.
E aí está a palavra que define esta nossa época:
produção.
Tudo o que se faz hoje tem de ter o objetivo claro
de produzir algo de útil, algo que vá servir pra
alguma coisa - ganhar dinheiro, por exemplo.
Essa maneira de ver o mundo tem contaminado tudo,
tudo no mundo moderno, desde a mídia (ou “os média”,
como dizem melhor os portugueses) à maneira de
produzir alimentos, dos livros que se publicam até a
maneira de educar as crianças.
Desse modo, flanar parece aos olhos de um expectador
moderno como anacrônico, inútil, como coisa de
vagabundo, que não tem o que fazer.
O turista – olha ele aí de novo – visita a cidade de
uma maneira produtiva, ele corre de monumento a
monumento até perfazê-los todos, nada de ficar errando
por aí na cidade improdutivamente.
Por tudo isso, flanar pode soar até subversivo, destruidor
da ordem pública, corruptor dos nossos valores morais,
anti-ético, e, quem sabe, até, revolucionário, tomado no
seu pior sentido.
Assim, com todo esse estímulo, afirmo-me mais e melhor
como um legítimo e convencido “flâneur”.

Aucun commentaire:

 
Google